quarta-feira, 27 de junho de 2012

LUX


Tudo estava tão confuso, as cores já não tinham mais sabor e o vento já não tinha mais brilho. A vida estava quase monótona e vazia. O mesmo rosto [não aquele, os novos, o mesmo da vez]. Talvez tudo resumindo-se a um ou outro trago escondido nas madrugadas quentes. Corria-se quase o risco da velha rotina de sempre querer entrar. Estranho, tudo tão novo: tantos lugares, tantas cores, tantos cheiros, tantos rostos. Talvez fosse isso, tudo tantos, tudo tão plural. Novo demais, muita coisa. Não negue. Dessa vez as tortas estavam mais doces. E o bolo nem tinha queimado [na verdade nunca se sabe se ele ainda está no forno]. Ao menos tinha a ilusão de ter-se desligado o gás. Ahh... sinestesia nova, quase uma nova partitura, outra página. Viva! Sangue novo correndo pelas veias! Bem mais sorrisos. Sem mais barreiras. Mas de repente tudo se interrompe: uma luz, forte, capaz de realmente mudar tudo... Ou seria apenas mais outra luz no fim do túnel?