segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pérolas

                 As pessoas deviam dar menos valor aos colares de pérola. Para começar toda pérola é fruto da dor e da morte. Uma ostra, para produzir pérolas, precisa que um ser estranho e incomodo entre em seu corpo, como um grão de areia ou um parasita. Pérola feita, o homem simplesmente mata a ostra e pega a preciosa gema. E não me venha com a velha auto-ajuda que a pérola é uma ferida curada e blá blá blá.
                Pois bem, esferas em mãos elas são juntas, perfuradas, enfileiradas e pronto:  está feito o colar tão desejado. Então os homens os colocam em vitrines, expõe-os, julga qual ficará melhor pela cor, diâmetro, comprimento... E depois os trocam por um pouco de papel, não um papel qualquer, mas sim o alvo da numismática.
                Ninguém pensa para pensar nisso, sabe, às vezes sou só um idiota falando besteiras mesmo. Mas, repare: todas as pérolas foram colocadas ali por serem semelhantes, não se aceita nenhuma discrepância entre as gemas do mesmo cordão. E, claro, ninguém nunca pensou se todas querem mesmo ficar tão intimamente juntas...
                É fácil, uma mera substancia orgânica agrupada como bem agrada aos olhos dos mais afortunados por poderem expô-la. No final o resultado fica ótimo: brilho, coesão, beleza e status. E quanto mais se tem e se está junto mais popular e felizardo se é.

                - Ei Nemo!
                - Pois não...
                - Não seja tão crítico, as pessoas ainda precisam de amizade e interação social.  
               - Mas eu só estava falando sobre as pérolas... 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

INDAGAÇÕES

Pra que tanta sociedade?
Se destes sorrisos só brota veneno
Em sua fonte de angústias já me afoguei
Provei seu bolo, doce ilusão

Pra que tanto circo?
Quando nem só pão é necessário
Quero um pouco mais, mais fundo
Continue cavando a cova

Pra que tanto barulho?
O que todos precisam é o silencio
Pensar, uma vez que seja

Pra que tanta prisão?
Meu grito é de liberdade
Não quero carne, quero alma.

domingo, 4 de setembro de 2011

Caduco


Prefiro ser o poeta de um mundo caduco
Pois o presente não passa de desilusões
E não cantarei o mundo presente
Apenas me lamentarei pelos meus companheiros
Estão frágeis, tetos de vidro expostos a chuvas de pedras
Decisões impensadas, a fuga da realidade
Mas o que é real? O beijo ou o copo de vodca?
O corpo quente ou o vento frio?
O amor já não justifica a lascívia
Apenas mais dois amantes sob a luz das estrelas
Tanto esperar, tanto esconder
Quando se tinha uma chance, não houve
E toda a adrenalina de um dia transformada em pranto
Apenais mais um chorando sob a luz das estrelas
Volte para casa, pequeno sonhador
Um carro tomado por sorrisos e juras de amor
Tão condenadas, mas real, como o ar morno do aquecedor
Duas estranhas, uma noite se contorcendo
Pela manhã, outras cápsulas azuis, 75 mg de alegria
Ou o fim, quando o vinho vira vinagre
Desculpe-me Drummond, o presente é ínfimo!