terça-feira, 9 de agosto de 2011

[seu] Silêncio

Isso é o máximo que sairá de sua boca?
Algumas risadas, alguns gritos?
Pequenas alegrias, tristes expectativas...
Perto demais, mais longe do que deveria!

Tantos lugares, escolheu este
Tantas almas, escolhi esta
Tanta liberdade, me prendi
Tantas grades, poucos enjaulados

Foi tentando acertar que sonhei
Foi tentando achar que perdi
Foi tentando amar que matei
Foi tentando viver que morri

Dê-me algo por que acreditar
Faça ressuscitar em mim o garoto morto
As rosas já perderam o [seu] perfume
O [seu] silêncio ainda me fere...

sábado, 6 de agosto de 2011

Pueridades

Existe um país onde os meninos recusam-se a crescer
Talvez por tão cedo serem irmanados
Ou por perderem o conforto do lar

Sempre há um número limitado de habitantes
E o visto de entrega é dificilmente adquirido
Somente os poucos selecionados conseguem

Eles não tem uma vida tranquila
Mas dizem amar o que fazem
Sua cor preferida é o azul

Nesse país existe um certo povo que adora os deuses
E até tentaram homenagear um deles
Mas o que conseguiram foi um banho de sol

Tal povo tem uma cultura diferente
Uma herança de seu tempo como colonos
Tiveram uma metrópole cruel e mesquinha

Sua terra é um pedaço confuso, cheio de terremotos
As fronteiras fracamente defendidas fortemente
A grama do vizinho quase nunca é a mais verde

Eles recusam-se a abrir os olhos para suas verdades
Quando deveriam ver tudo para poderem crescer
Pobre deus envergonhado... Pobres meninos cegos...

Is this real?
Is it pretend?
I'll take a stand
Until the end”

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Homo [não] sapiens

             Você nunca saberá o que é perigo enquanto não andar por frágeis pontes entre buracos negros. Não conhecerá a tristeza enquanto não ver sua melhor tarde fundir-se à somente mais uma de suas noites brancas. Noites sem amores, onde a única lágrima que cai é o pranto da neblina que insiste em tornar as coisas ainda mais frias.
                Você nunca saberá o que é amor enquanto não deixar de fazer tudo de sua vida em função de uma centelha de esperança por algo acontecer. Não saberá o que é falta enquanto não puder dizer não a todas as chances, a uma mensagem ou três portas de distancia, pois de nada adianta entregar-se a prazeres vis que duram tanto quanto um orgasmo.
                Você nunca saberá o que é distancia enquanto não ficar preso com a pessoa amada sem ser correspondido. Não saberá o que é autocontrole enquanto deseja o gosto de lábios que tão perto do seu já estiveram, mas que se afastam no breve instante de um abraço fraterno.
                Você nunca saberá o que é insônia enquanto não passar noites em claro pensando somente em quanto tempo demorará a estar novamente perto de alguém. Não saberá o que é decepção até que todo o tempo que você passou a noite passe e você, durante os mágicos instantes que estiveram pertos, viu-se somente como um velho amigo.
                Você nunca saberá a importância de uma carta trazendo más notícias enquanto não ver-se condenado a escrever a um único destinatário e nunca obter uma resposta. Nunca saberá o quão importante são meias verdades enquanto não ouvir, da boca que desejaria ouvir tanta coisa, apenas meias mentiras disfarçadas como meias verdades brincantes.
                Você nunca saberá o que é não ser correspondido enquanto, além de não ser correspondido, ver a outra também não o sendo. E não saberá o que é uma chance enquanto não ver todas as chances escorrendo por entre seus dedos como água correndo num rio.
                Você nunca saberá o que é solidez enquanto não ouvir algo como “somos velhos amigos” ao invés de um não. E nunca entenderá a imutabilidade das coisas enquanto não entender a complexa metamorfose de uma borboleta. Pois talvez uma pedra filosofal fosse mais útil se transformasse amizade em amor, pois ouro pode comprar escravos, mas não compra a lealdade aos senhores.
                A verdade é que talvez você nunca saberá o que é viver enquanto não perder tudo, mas mesmo assim tentar continuar vagando pelo mundo como um espectro procurando algo, algo que nunca terá, pois você de fato nunca viveu no coração de alguém.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Conselhos de uma terça feira

Desista, pequeno sonhador
Nada do que você dizer fará sentido
Deixe quietos seus pequenos dedos
Eles são frágeis e podem quebrar-se

Continue respirando
Mantenha seus pulmões cheios
Leve vermelho a cada célula
Esvazie sua mente em um piscar de olhos

Tire fora o pacote de biscoito
Limpe o café do chão
Feche a porta ao sair

Não é nada doentio, é apenas um jogo
Você nunca saberá o que é real
Já estou farto desse romanticídio

“Leave me be,
And cease to tell me how to feel
to grieve
to shield myself from evil” 

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Egoísmo de uma segunda feira

Preferia nunca saber a verdade
Pois ela dói ácida queimando a pele
Coração ainda insiste em bater
Esse amor, mal nascido
Eternamente condenado ao desamor
Lágrimas chorando por liberdade
Pálpebras, essas não se abrem
Uma prisão dentro de meus olhos
Sua imagem gravada em cada polegada

Preferia nunca ter provado seus lábios
Encarado seus brilhantes olhos verdes
Rido seu riso, respirado ao seu lado
Toda essa louca vontade
Fumaça, um trem que passa
Luzes, vento, calor, demasiado humano
Um soldado de brinquedo gritando
Uma bailarina de porcelana chorando
O pueril amor nunca vivido

Carvalho, lembranças de infância
Frio de um inverno distante
Uma casa na colina, amadeirada
Dois pólos, dez à mesa
A minha frente seus olhos
Uma mensagem no celular
Vá provar outros lábios
Sinta o perigo pulsando nas veias
Apenas engane seu pobre coração

Heaven today is but a way
To a place I once called home
Heart of a child, one final sigh
As another love goes cold”