sábado, 26 de fevereiro de 2011

Aqueles Olhos

     Sua última visão foi a luz daqueles olhos. Olhos que brilhavam como diamantes. Um farol para marinheiros embriagados na tempestade. Por um momento, esperança de salvação.      Antes, muito antes, aventurou-se só por aquela terra desconhecida. No início, o ânimo. A coragem de um adulto aliada à ingenuidade de uma criança. Gelo e fogo tentando fundir-se.
     
E viu-se na natureza selvagem. A razão bem que tentou, mas foi violentamente estuprada pelo desespero. Por dias vagou por aquelas trilhas. A loucura dialogava com as árvores. Sempre a mesma pergunta: “Já passei por aqui?”
     Caiu. Sua tenra carne alimentando vorazes insetos. As árvores silenciaram-se. Teve como únicas companhias o medo e a solidão, que debochavam dos seus cachos cor de ouro.
     Até que veio a chuva. A água fria caia em pesadas gotas que furavam as copas. Ácido queimando sua pele. Foi quando encarou a face da dor. Esta gritou com a luz até ela fugir.
    
Sua pequena mão tateou o escuro ao redor, só havia vácuo. Não soube quanto tempo ficou ali. Minutos, horas, dias. Frio.
    
Ouviu o medo em seu íntimo. A esperança veio naqueles globos de luz e o expulsou. Calor, conforto e paz passaram marchando em sua frente.
    
Teve a mais bela visão de sua vida: um cavaleiro alto, pele pálida, cabelos escuros, nariz aquilino, trajes negros. E aqueles olhos.
    
Uma suave melodia invadiu o ambiente. Desceu do cavalo. Seu cheiro a deixou tonta. Um convite para um dança. Sim. Fim. A dança da morte é eterna.

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