sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Nemo

              Surpresa! Era o futuro batendo à porta, alguns meses antes do previsto. A mente jovem porém  não se incomodou. Pelo contrário, escapou para o éter da inconsciência. Vagava no infinito, deixando em ação o piloto automático. Tão logo podia, escapava para o mundo de Morfeu. E assim passou os dias. Tentou acordar em uma manhã de domingo, mas as horas na estrada roubaram o domínio de si mesmo.
                Calor. Não conseguia viver outra coisa. Encontrava-se perdido num mundo onde moinhos de vento realmente se achavam gigantes. Mas de novo o futuro. Um encontro casual, em um bar. Embriagado pelo destino, presenciou a si mesmo em queda. 
               Abismo. Achou que o choque finalmente expulsaria o estranho comandante. Mas não, de volta ao calor. Era quase o inferno. Passou 24 horas nos braços de Morfeu. Não havia medo, desespero, esperança. Somente matéria agindo por si só.
              Dúvidas. Finalmente a luz da consciência acendeu-se no caos. Não sabe o que quer: salvar vidas, projetar um avião, matar em um avião, cruzar o Atlântico rumo ao Velho Mundo. Não sabe sequer quem é ou o que gosta.
              Assim vai vagando. Fantasma rastejando sobre escombros de guerra. Carne viva, alma morta. Distante. Over the hills and far away.

PS. Nunca fui bom em escrever sobre minha vida.

Um comentário:

  1. Projetar, matar, cruzar o Atlântico... Tanta gente com a mesma dúvida! (a maioria não pensa em salvar... whatever)
    Over the hills and far away!

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