domingo, 17 de julho de 2011

"Elipses (Meu. Eu.)"

Vi, era sim! Estava lá com seu mesmo sorriso, com a mesma maneira de andar dos ombros e com seus olhos que falavam por si. Dois anos se foram pelas antigas montanhas, mas ainda era. Agora (no ninho), com a mesma fantasia impecável, o azul bebê combinava-se com o barateia para formar sua armadura.
O brilhante acima da cabeça realçava ainda mais o contraste de sua pele, mas combinava muito bem com o branco da camisa de baixo – o mesmo branco que tentara pôr em si mesmo para esconder suas penas negras. Aquelas que eram retiradas com dor, pintadas como for.
Estava feliz, tinha conseguido conquistar seu símbolo – a pequena adaga dourada. Sorria com um ar de vitória, chegou onde não conseguiram. Não conseguiram , mas podiam, queriam, mas não foram. E estava lá, em meu lugar, somente esperando um brilho mostrar-lhe que, um dia, já foi. Se foi.
Mas o riso era mais do que isso, trazia a angústia de lembrar que não mais podia olhar e escutar sua voz.  Não estava ali para estar por cima, olhando de longe e escondido, desejando sempre mais...
Passou rápido como uma flecha, agora era um espírito do passado esquecido. – “O abraço não é seu” -. Era dos patos originais, brancos e perfeitos, os mesmos que vieram daquelas montanhas. Abraçados estavam, brincando as glórias com os outros, e era um pontinho preto, cinza, marrom, mas nunca alvo.

E aqui , só pensando:

“ Vai realizar o sonho que não pude.O sonho que não pude. Não pude. Não.”

ps. Por Luis Fernando Gonçalinho, do Manual de Quase Tudo http://manualdequasetudo.blogspot.com/

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