Deu-me certa agonia de viver. Fiquei
com medo, muito medo. Peguei papel e caneta e rabisquei algumas ideias. Que
alívio! Poupou-me algumas horas rolando na cama. Mas já foi, tão rápido quanto
veio. Inspiração são apenas faíscas queimando folhas secas, aquele fogo forte,
quente e breve. Acontece que é verão, não se acumulou lenha suficiente para
acender grandes fogueiras. Lido melhor com o papel em branco no inverno: uma
bela estação, quase garantia de uma lareira crispando por meses seguidos. Mas é
verão n`alma ou é realmente verão? Não sei, e realmente não sei se quero saber.
Por enquanto preciso apenas mergulhar fundo neste grande oceano dentro de mim,
sem medo do abismo a seu fundo. Claro, não dispenso uma pilha de papel em
branco, mesmo que eu os rasque sempre com a caneta, rabiscando as mesmas ideias
em branco. É preciso saber que terei o que queimar quando as faíscas vierem,
lenha ou papel, tanto faz. E, mais do que isso, preciso da certeza que sempre
terei uma lareira se o inverno chegar. Eu não consigo enfrentar o frio sem
papel, caneta, faíscas e lenha. É assim que eu vivo. Mas agora eu realmente quero
aproveitar este verão.
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