sábado, 2 de abril de 2011

Udyat

            Assustado, deparou-se com o fim. A convivência harmônica deu lugar aos socos da verdade. Aqueles, que antes eram irmãos, tornaram-se os mais novos inimigos. E, juntos, pediam sua saída. Exigiam-na com a força que só os jovens têm.

                Seu crime, ir contra o narcisismo daquelas crianças. Justo aquelas que, ao acordarem, vestiam alternadamente sua personalidade verde ou azul. Já, ao dormirem, tentavam sonhar, sem nunca perderem o medo do maldito apito que poderia quebrar seus pesadelos.

                Se fosse questão de confessar teria sido inútil. Os ombros, acostumados somente ao peso áureo-prateado de uma estrela, eram fracos para sustentar a própria culpa. Não podia assumir seus erros. Apenas um menino covarde fugindo da sombra do passado.

              Covardia potencializada em traição. Fez o que pode, não tudo o que queria. Para esconder, o conflito. Crime e castigo. Como normalmente, todos pagaram pelos erros de poucos. Talvez desejassem que o suor lavasse o arrependimento até que ele brilhasse.

              Assim foi feito. Para um, a volta compulsória; o outro ainda dançava, mascarado, o baile. O sol nasceu no horizonte, um o viu pela última vez naquele lugar, já o outro, este ainda tentava alcançá-lo. 

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