segunda-feira, 23 de maio de 2011

Evanescente

                Ligam os motores e removem as travas das rodas. Ganhando velocidade ao avançarem pela pista, estão decolando. Aos poucos afastam-os da terra. Em um instante estão sós, no firmamento azul. Ao redor somente gelo branco e sol vermelho.
                E então ligam o piloto automático. Estão livres para dominarem. Na verdade não, eles sempre dominam. Daí vem o filme: os primeiros passos. Mas a imagem vem fria, não consegue passar a desafiosa sensação de manter-se de pé.
                A exibição continua: o tombo de bicicleta; aquele beijo, roubado, às escondidas; a noite memorável, regada a álcool e fluidos. Tudo. O vôo é turbulento, varia de acordo com cada cena. São momentos de potencia máxima mesclados com parafusos angustiantes.
                Duração variada: às vezes rápido, às vezes horas continuas. Geralmente noturnos, mas nem sempre. Não é necessária uma pista especifica, pode ser confortável ou não. De preferência nos momentos de descanso.
                Tudo é automático. Escrito. Somente uma coisa não está prevista: a capacidade característica desses pilotos. Eles invadem sua vida, e não deixam quase nada em troca. Somente a sensação do vôo: quente, acolhedora, evanescente... 

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