terça-feira, 29 de março de 2011

Aeronaves

                Por muito tempo desejaram a vitória. Chegaram até a alcançá-la, mas foram traídos por um terreno infestado de escorpiões. Desta vez seria diferente, já era quase certo que juntariam o peso do troféu ao peso do mundo que, determinados, já carregavam.
                E novamente a traição, dolorosa. Foram cortadas em três pedaços, e cada um, numa embalagem de silencio, foi despachado em uma aeronave diferente. Ninguém sabia o destino, a única informação eram os pilotos: Desanimo, Silencio e Revolta.
                Reações não faltaram. Até tentaram, porém marionetes não tem o poder de cortar suas cordas. Alguns desistiram da glória olímpica, outros tentaram integrar-se àqueles que antes seriam seus rivais. Só uma coisa foi certa: as três aeronaves decolaram juntas.
                Enfrentaram sol, chuva, vento. No fundo o espírito era o mesmo, só uma poderia continuar voando ao final daquela semana. Sem bombas, sem mísseis nesta batalha, sequer querosene. As armas são espadas, bolas, passadas; o combustível, suor.
                Combatiam veementemente, animados pelo grito daqueles que não conheciam o passado e a leitura dos que silenciaram seu protesto. Todos viram, mais uma vez, que não podiam contra o sistema.
                A união, tão desejada, não saiu da mente do criador. Os pedaços só desejavam unir-se, ressoarem, juntos, pelo seu time. Não aprenderam, apesar de tudo, ainda iam dormir se achando grandes. Quantos vôos ainda serão necessários para enxergarem o sol?

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