segunda-feira, 28 de março de 2011

Faxineiro

                A refeição farta descansava no estomago. A diversão ficava por conta de escrever. O quarto encontrava-se tranquilo, brisa refrescante, música agradável e o som de dedos batendo às teclas, materializando ideias num mar desconhecido: uma página em branco.
                Tudo estava normal, até que ele entrou. Calça cinza, camisa laranja, luva e vassoura na mão. O chão, antes sujo, agora fica mais limpo. Ele limpava a sujeira que todos tinham feito.
                Olhar baixo, trabalhava em silencio, visivelmente parecia não querer ser notado. De repente um obstáculo, uma camisa camuflada numa escrivaninha. Ao que ele tira a luva e, cuidadosamente, a aconchega em um lugar que pode varrer sem encostar a vassoura nela.
                E faz seu serviço, e todos nem o percebem. Ninguém sabe seu nome, família, se ele está bem. Talvez sequer pensam nisso, estão muito ocupados para se lembrar que alguém limpa seu quarto. Encontrá-lo limpo é tão natural que talvez alguns até vejam como uma mágica deste lugar.
                Pena que não existam faxineiros da vida. Como seria confortável adormecer sabendo que alguém viria durante o sono e, silenciosamente, limparia nossos erros.

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