sexta-feira, 18 de março de 2011

Farda

          Estou farto de toda essa artificialidade, de meninos querendo se achar grandes homens, desse grande teatro que se desenrola tão naturalmente quanto o tiquetaquear do relógio. Ah, todas essas mentiras, todos esses papéis, mas no fundo só uma verdade: seus princípios.
         
Estou farto dos grandes comportarem-se como pequenos, dessa mentalidade fechada, desse jogo de poder onde o fraco sempre se rende perante o mais forte. Aquele que se faz de furacão na verdade talvez não passe de uma gota de chuva quando está só, com suas idéias.
         
Estou farto de todas essas risadas coletivas, de todas essas lágrimas, dessa convivência forçada.  Todos são um, belo, mas somente quando se convém. São como pássaros, que precisam um do outro para migrar, mas guardam para si o mistério e a beleza do vôo de cada um.
         
Estou farto de todo esse ódio, de todas essas perseguições, uma imparidade sem par. Se todos buscam o mesmo objetivo não há razão para tratarem-se como caça e caçador. Um ano, para a eterna dança cósmica, não vale sequer um segundo da vida daquele que se acha um gigante por ter iniciado a caminhada antes.
        
Estou farto de toda essa farda, do peso desse céu de anil, e de todo esse azul. Prepotência é se achar dono dos céus quando sequer alcançaram o sonho de Ícaro. Ainda há muito para se viver, há muito por que morrer. Avancemos sempre unidos, mas antes livremo-nos do mal. Amém.

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